segunda-feira, 8 de junho de 2015

ÒKÚTA – A PEDRA E SUAS APLICAÇÕES DENTRO DO SAGRADO




Oyígíyìgí Òta omi o
Oyígíyìgí Òta aiku

“Pedra muito dura que não é afetada por um fluxo de água”
“Pedra sumamente imóvel que nunca morrerá”


O tema escolhido é palpitante haja vista sua indispensável aplicabilidade na ritualística, de vez que podemos verificar desde as mais antigas civilizações já se faziam menções sobre as pedras, que ao longo do tempo foram utilizadas das mais diversas formas para expor o pensamento humano, seja ele religioso como filosófico. A história da humanidade desde seu inicio tem um vínculo forte com as pedras. A pedra tem sido há milênios um sinal, um marco. Em diversas culturas, as pedras foram usadas em rituais e celebrações, onde sobre a pedra eram oferecidos os sacrifícios propiciatórios aos deuses, tornando-se objetos de reverência e culto como representação divina, que por sua solidez e durabilidade servia para sugerir o poder e a estabilidade de uma divindade. O culto utilizando pedras tem sido rastreado em quase todas as regiões do mundo e entre quase todos os povos.

O objetivo principal desse new post é apresentar a simbologia das pedras dentro da Cultura e Tradição dos Iorubas, mas farei uma breve e importante citação sobre a Cultura Islâmica, onde no mundo árabe mais precisamente em Meca, a conhecida cidade de peregrinação islâmica, encontra-se a pedra mais notável do mundo. A Pedra Preta, que está preservada na Kaaba ou “casa cúbica” que fica no átrio da Mesquita Sagrada. Acredita-se que seja um aerólito ou pedra meteórica. Esta pedra preta tem sete polegadas de comprimento aproximadamente, e formato oval. Segundo a tradição local, ela foi quebrada durante o assédio de Meca em 683 D.C. Restaurada e encerrada numa cinta de prata, encontra-se embutida na parede do ângulo nordeste da Kaaba a uma altura que permite que os devotos a beijem em um verdadeiro ato de adoração. Este é apenas um exemplo da correlação homem e pedra, presente na cultura religiosa que é a mais antiga manifestação circundada na vida humana.

Òkúta vocábulo de origem ioruba designa de forma genérica qualquer tipo de pedra, mais especificamente, uma pedra símbolo, denominado por elisão de Òta, objeto inanimado, porém dentro da espiritualidade, totalmente vivo, possui um baixo nível de consciência. Consagrada e sacramentada ritualisticamente, transformará a pedra num importante objeto de culto. Estado de completude espiritual ou de mística união com a divindade e o habitat de uma energia sobrenatural, denominada de Àṣẹ, caracterizando dessa forma o núcleo central dos assentamentos de diversas Divindades do Panteão Iorubá, cultuadas no Novo Mundo.

Os descendentes da Tradição Iorubá, atribuem ao Òkúta um valor imensurável. A pedra representa longa vida por que não morre, mas também representam as lutas travadas durante a vida. As pedras sempre representam coisas boas, assim como não dispõem de símbolos para os cinco tipos de infortúnio. As representações simbólicas dessa pedra mítica estão intimamente ligadas com a vida de um iniciado, que desde os ritos da iniciação, o neófito tem seu primeiro contato com a mesma, onde o próprio, não percebe a riqueza existente nesse ato ritualístico. Uma pedra silenciosa que tudo expressa e emana, na vida do iniciado. O Òkúta é o ponto de partida para a grande transformação a ser feita na vida espiritual do recém iniciado, que a principio, em seu atual estado de desenvolvimento espiritual, deve converter-se em forma de perfeição interior.

Contudo o pormenor a que se deve dar atenção é o que define a Pedra como não sendo pedra, mas sim um processo espiritual de iniciação. A Pedra que participa de todos os regimes encontra-se em todo o lado, sendo e não sendo pedra; é comum e preciosa; escondida e, contudo conhecida de todos; com um só nome e com muitos nomes; esta pedra, por isso, não é uma simples pedra, porque é muito mais preciosa, sem ela a natureza não faz nenhuma obra. A Pedra, nas suas várias descrições e processos é a vida espiritual do iniciado, com o nascimento, o crescimento, a degradação e morte que lhe são próprias.

Abẹ́òkúta, capital do Estado de Ogun, na Nigéria. Localizado no sudoeste do país. Fundada em 1830 como baluartes contra a invasão dos antigos daomeanos vindos do território da atual Republica do Benim, que durante algum tempo foi a maior cidade da África Ocidental, onde literalmente significa “Refugio entre as rochas” ou “Cidade sob as pedras”.

Um mito relacionado ao Odù Ọ̀yẹ́kú-Méjì revela que os Òkúta imigraram da “Divina esfera” para a Terra, durante as primeiras chuvas, que duraram um longo período de tempo, ainda na criação de nosso mundo. Em forma de energia mítica, ao tocarem o solo se solidificaram, transformando-se em pedras e rochas. Antigos sacerdotes e grandes estudiosos, afirmar que essa energia mítica era emanada pelas próprias divindades, por essa a razão os diversos formatos e cores dos Òkúta. Assim como o Odù Òé-Òdí nos revela que Olódúmarè enviou três chuvas sobre a Terra, sendo que a primeira, estava repleta de pedras.

Os ritos de consagração Òkúta, impulsionam o “espírito embrionário da pedra”, denominado de Ewa Inle Kolepo, conforme nos revela o Odù Ìrtẹ̀ Ògúndá, e finalmente, o espírito da pedra absorve e armazena a energia mítica de cada divindade. Dessa forma o sagrado emanado para a “pedra núcleo” traz uma idéia de centralização e equilíbrio dando estabilidade e permanência ao Àṣẹ  A Energia Mítica. A descrição de tais ritos não cabe nesse trabalho, pois estaríamos violando o sagrado. Posso apenas afirmar que antes e depois dos ritos de sacrifícios, os Òkúta recebem tratamentos especiais.

As pedras dentro da religiosidade têm um valor sem par, elas são erigidas para representarem os Òrìṣà, e assim sendo, cada Òkúta possui suas características próprias e sua ligação direta com cada uma das divindades, de acordo com a cor, o formato, a composição e a origem das pedras, que remetem a essas simbologias, uma forma de expressão.

Os seixos de coloração amarelada, caramelo, âmbar e gema são destinados à Ọ̀ṣun; os seixos avermelhados, acobreados e marrons terra à  ya; os seixos azulados, esverdeados e translúcidos à Yemọja; os seixos brancos e leitosos aos ÒrìṣàFunfun;os seixos de tonalidades escuras e negras, também são representações de divindades especificas, como no caso de Odùdúwà entre outros.

Aquelas que possuem forma alongada são utilizadas para as divindades masculinas, com exceção da família de Òrìṣanlá, que assim como as divindades femininas, ostentam em seus assentamentos as de formato arredondado e ovais. As pedras em formatos de “machadinhas” pertencem a toda Família de Ṣàngó. Existem divindades em especial que comportam “pedras machos e fêmeas” em seus assentamentos.

Sua composição implica diretamente em seu emprego junto aos assentamentos dos Òrìṣa, seja como objeto principal ou complementar, tais como: pedra de imã, pedra de ferro, pedra de carvão mineral, pedras de raio, pedras de laterita, pedra de arrecife, pedra vulcânica, pedra bruta e polida, pedra preciosa e semipreciosa, assim como gemas e cristais. No Odù Ọ̀kànràn-Méjì, nascem as pedras porosas; em Òtúrá-Òfun  as pedras de raio; em Ogbè-Òtúrá  as pedras vulcânicas; em Ọ̀sá-Ọ̀bàrà  as pedras vulcânicas imergem a superfície da terra e no Odù Ògúndá-Méjì as pedras de ferro.


“A Pedra Símbolo, algo que contém e é contido, simultaneamente, algo que tendo muitos ou todos os nomes,
não tem nenhum, tornando-se matéria espiritual, transcendente, por si mesmo”

As origens dos Òkúta estão fortemente relacionadas com os habitat dominantes de cada uma das entidades sobrenaturais. Podem ser originários de mares, rios, lagos, cachoeiras, matas, montanhas, estradas e caminhos. Aqueles de procedência marinha podem ter vários tipos de formatos e ressaltos, a água do mar provoca a erosão que se encube de formar pedras especiais. Embora sejam recortados, furados, não perdem sua essência e mantém seu peso e valor.

De todos os lugares citados, de acordo com o Odù Ọ̀yẹ́kú-Ìká, os primordiais são os seixos de rios, ditos por alguns religiosos de “legítimos”, onde sua ritualística de consagração inicia-se, durante a Cerimônia de Purificação nas Águas, de onde o neófito traz consigo a “Pedra de seu Santo”.  

Somente em nível de informação, denominamos seixo todo fragmento de mineral ou de rocha, menor do que bloco ou calhau e maior do que grânulo, e que na Escala de Wentworth, de amplo uso em geologia, corresponde a diâmetro maior do que 4mm e menor do que 64mm.

Não podemos com isso, tratar com menos valor ou desdém as demais pedras. As pedras brutas, a matéria-prima, em seu estado natural, informe, cheia de saliências e reentrâncias, tirada da natureza tal e qual ali é encontrada, sem nenhum beneficiamento por parte do homem, representam as imperfeições; enquanto que as pedras polidas precisam ser trabalhadas e lapidadas para o seu embelezamento, representaria a natureza melhorada e aperfeiçoada.

Todavia a Mãe Natureza nos apresenta pedras, que mesmo em seu estado original são de uma beleza sem precedentes. Podemos citar, por exemplo, o caso da Pirita, mineral metálico, de coloração amarelo-ouro, de grande dureza, que apresenta um hábito cúbico ou forma externa cúbica, no seu estado primário. Esse tipo de pedra, poderia perfeitamente simbolizar, que mesmo no mundo profano, existem pessoas polidas, lapidadas a tal ponto que o embelezamento de seu Eu Interior é algo natural e espontâneo.

Numa analise filosófica, poderíamos salientar que a pedra polida é o ponto de partida para a grande transformação a ser feita no espírito do iniciado; os defeitos, as falhas, as arestas de nossos neófitos deverão ser polidos e extraídos com a sabedoria e a humildade. A transformação simbólica de pedra bruta em pedra polida só encontra seu significado real, no momento em que cada ser, sendo pedra bruta, conheça sua natureza, descubra de que matéria mítica é feito, sua composição e a resistência que possui.

Outra analise que merece destaque são os cristais utilizados nos assentamentos dos Òrìṣà, por exemplo, poderia ser simbolizada em nossa cultura, a conduta que deve ter o iniciado nos mistérios do culto, perante seus semelhantes, por apresentar forma cristalina e transparente; manter um comportamento íntegro repleto de ações transparentes, claras e objetivas.

Outro fator relevante é a quantidade de Òkúta que integram os assentamentos das diversas divindades, que podem ser em números impares ou pares. Enquanto o assentamento de Ọ̀rúnmìlà possui apenas um Òkúta, conforme nos revela o Odù Ìrtẹ̀ Méjì, a Representação Coletiva de uma divindade, comporta um numero ilimitado de pedras consagradas. O Odù Ìrtẹ̀-Ọ̀sá revela o porquê dos assentamentos de Ṣàngó ostentarem 6 pedras no interior de sua gamela, e outros do lado de fora; assim como o Odù Òfún-Ogbè determina que batalá carregue em seu assentamento 8 pedras . O mesmo ocorre com inúmeras divindades, onde os 256 Signos de Ifá existentes revelam os tipos e quantidades dos Òkúta.

Importante ressaltar que uma pedra destinada como parte integrante do assentamento de uma divindade, não pode de maneira alguma, de acordo com antigas tradições, escolhida ou recolhida aleatoriamente e na ausência de determinados preceitos. Em uma comparação lógica, seria o mesmo que colher folhas sem nenhum tipo de ritual, ou seja:

vem a pedra, mas não a essência,
que se desprende desse sagrado objeto,
no ato de retirá-lo de seu local de origem”

Identificar um Òkúta que tenha serventia de outro que nada tenha, é ainda, um privilégio de poucos religiosos. Antigamente era de praxe que a identificação de uma pedra a ser sacralizada para o Òrìṣà, não se baseava simplesmente no “olho clinico” dos velhos e sim a uma consulta minuciosa junto ao Obí  noz de cola. Na árdua escolha de uma pedra a ser consagrada, não poderá haver enganos ou duvidas que possam surgir, pois uma vez, que a pedra for sacramentada, a mesma passará a ser a representação viva de um Òrìṣà e será o seu elo de ligação entre os dois planos de existência Ọ̀rún – Àiyé.

Ainda acrescento, Pedra é pedra” e trata-se de um termo extremamente genérico do reino mineral, entretanto, nem todas as pedras podem ser consagradas e sacramentadas, pois algumas perderam por completo sua verdadeira essência, estão desprovidas do espírito vital da pedra ou em outras palavras “estão mortas”.

Sabemos que na atualidade, muitos adquirem seixos de rio em casas de artigos religiosos e casas de jardinagens, enquanto outros, quando oportunamente, os recolhem e armazenam em recipientes cobertos com água de rio. A causa deste comportamento se dá ao fato de um drástico processo chamado de poluição e contaminação dos rios e, sobretudo a conhecida e lucrativa indústria da Natural Stones, que recolhem centenas e centenas de pedras dos poucos “rios vivos” que ainda nos restam.

Numa colocação muito particular, devo mencionar que um seixo de rio, adquirido comercialmente, tem por direito e dever, seguir a seguinte trajetória:

Comércio U+2192.svg TerreiroU+2192.svgRioU+2192.svgTerreiro

Em minha opinião mui particular, não vejo problema algum, recolher e armazenar pedras a serem sacralizadas, nos espaços externos dos terreiros, desde que foi “pago” algum tributo ao rio e ter o devido conhecimento de como manter a pedra “viva”. Esse recipiente, com água de rio, em hipótese alguma poderá secar e de tempos em tempos, se adiciona um preparado com diversas substâncias trituradas. Os cuidados para com as pedras existentes nos espaços externos são de extrema importância. Aprendi com os meus mais velhos, que uma vez que a pedra tenha sido retirada de seu habitat natural, poderá reclamar dos seus direitos ritualísticos, e como dizem os antigos:

“existe uma pedra em sua casa que senti fome e sede”

Durante minha jornada religiosa, tive a oportunidade de identificar através do Odù Ògúndá Méjì, consulentes sensíveis a natureza, que em passeios, trilhas e expedições através de rios e florestas, percebem que há algo diferente ao redor de uma pedra, que lhe despertam a atenção, onde simplesmente a carregam para suas casas. Se tal pessoa tiver uma cultura anímica ou se for simpática a tais influências, transformará a pedra num objeto de culto ou habitat de um espírito amigável ou simplesmente a transformará numa peça decorativa. Essa pedra pode emanar uma energia negativa para o local e pessoas que ali residem. No momento da consulta será revelado se o consulente deverá devolver a pedra ao seu local de origem ou consagrá-la. O mesmo ocorre com pedras de belos formatos que escoram as portas de entrada das casas (Ọ̀kànràn-Ọ̀wọ́nrín), assim como as pedras de raio (Ogbè-Òdí) um costume típico do nordeste brasileiro.

As pedras existentes na natureza, não são apenas de uso exclusivo dos assentamentos de nossas divindades e sim ingredientes de uma infinidade de ẹbọ – oferenda para vários fins, das quais sua presença é indispensável para o efeito desejado daquilo que se pretende almejar. Um dos fatores de seu emprego em “trabalhos” se dá ao fato de sua dureza, visto que as pedras representam o símbolo dos poderes eternos e divinos.

Considero o Reino Mineral uma parte do Corpo da Natureza, e seria impossível falar de magia natural sem mencionar o uso das pedras. Simbolicamente, o reino mineral compõe-se de ferramentas fundamentais para todos aqueles que desejam trabalhar nas regiões mais profundas da realidade.

Inserido no CORPO LITERÁRIO E DOUTRINÁRIO DE IFÁ podemos perfeitamente identificar o termo Òkúta ou Òta inserido em vários ìtán que fazem alusão ao personagem mítico do mito, utilizada para vários fins seja como arma ou uma ferramenta qualquer, que facilitara a vida do mítico personagem.

Um determinado ìtán inserido no Odù Ọ̀wọ́nrín-Ọ̀kànràn inicia seus versos com uma onomatopéia “Pó kon pó kon pó kon” que reproduz o som natural do “rolar dos seixos, forçados pela forte correnteza do rio”.

Em Ìrtẹ̀ Méjì, revela que uma personagem mítica, com o nome de Yeye Olm Mẹ́fà, perdeu-se de seus seis filhos, entre eles estavam um de nome Òkúta. Depois de uma fracassada busca, ela decide consultar Ifá, lhe é revelado que todos os seus filhos estavam a mercê de Ikú  A Morte. Após realizar as oferendas prescritas por Ifá, a mãe encontra seus filhos, e Ikú promete-lhe que nunca mais iria molestar seus filhos, então numa canção do mito, encontramos a frase Òkúta ma kú que tem o significado de “pedra não morre” dando a conotação de que a pedra simboliza a “imortalidade”.

 Ọ̀sá-Ògúndá, revela de como os Òkúta foram levados dos rios para os oceanos.

Ọ̀sá-Òtùrúpọ̀n,                     o segredo de Olóòkun para as Ọlọ́ọ̀sà e Ọlọ́ọ̀nà que devem carregar em seus atributos pedras do mar e um Òkúta que ficou imerso no fundo do poço por três dias.

Ogbè- Ọ̀bàrà, faz menção de que Ṣàngó utilizou de 200 pedras para vencer a conspiração de seus inimigos.  

Ìká-Òfún, as habilidades de preparar um Òkúta para vencer a guerra travada contra ya e Ikú.

Òtúrá-Méjì, um mito relata que Òtúméjì possuía uma pedra trazida de Ilé If e assim que ele a colocou no chão, ela se multiplicou em 200 pedras Quando os guardiões viram o milagre, uma multidão se reuniram ao redor de Òtúméjì.

Ìrtẹ̀-Ìwòri, um mito revela que devemos ser igual a três cabaças: Igba òta - com pedra, Igba Omi - com água e Igba Àgbàdo - com milho, de onde podemos interpretar: “imortal como a pedra, necessário como a água e afortunado como o milho”.

Analiso as pedras no seu aspecto de “dureza” como símbolos da fortaleza e da fundação sólida. Como um Portal entre os dois mundos, considerado também, como um símbolo da fé e da verdade. Um símbolo autêntico, portador de uma idéia mística e oferecendo um campo muito vasto de conexões de sentido. O portador de um espírito divino escondido na matéria.



Baba Guido Olo Ajaguna

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