Sabemos
que o beijo na mão significa uma maneira respeitosa de saudação a
uma autoridade religiosa. O ato de beijar a mão de um Baba ou
Ìyálòrìṣà, assim como de um ẹgbọn (nossos mais velhos),
tem origem na Corte Papal, herdado dos antigos ritos romanos, que
prestavam um certo culto ao Imperador de Roma e beijavam-lhe, não só
as mãos, mas até os pés. Era um gesto de sujeição e obediência,
que também se usava para pedir clemência. Dentro da hierarquia da
Igreja Católica, sempre os súbditos beijavam as mãos de seus
superiores, em sinal de respeito e obediência. Como o Papa e os
bispos usavam um anel, o uso de beijar a mão, passou para o anel, e
assim, quando se cumprimentava o Papa ou um Bispo, beijava-se-lhe o
anel e não a sua mão.
Em
alguma linhagens, os membros de um determinado Terreiro de Candomblé,
além do tradicional beijar das mãos, beijam a palma das mãos de
seus Baba e Ìyá. O beijo na palma da mão tem um significado
diferente do beijo na parte de fora da mão, mas até o presente
momento ninguém soube me explicar o porque desse ato e aqueles que
alguma coisa relataram não tinha sentido algum (pelo menos em minha
visão). Na cultura popular, o beijo na palma da mão, tem um sentido
mais romântico, onde a maior parte das vezes, esse beijo é sinal de
interesse amoroso, e alguns casais explicam que o beijo na palma da
mão é dado para que o parceiro(a) guardem o beijo para a
eventualidade de um dia estarem separados.
Acredito
que todos já tenham presenciado o fato de um Òrìṣà cumprimentar
uma pessoa abraçando-a e dando-lhe um beijo na testa. Com certeza
esse Ser Encantado, esteja saudando o Òrìṣà Tutelar dessa
pessoa, pois sabemos que a energia impregnada no corpo de um iniciado
teve como ponto de partida, a parte central da cabeça. No popular o
beijo na testa é um beijo que significa respeito e afeto pela outra
pessoa. O beijo na testa não necessariamente é realizado entre
casais, mas também pode ser entre pais e filhos, amigos e
familiares.
A
maioria dos Baba e Ìyá antigos dentro de nossa religião, não tem
o hábito do “trocar de benção” com seus mais novos, exceto com
aqueles que estão no mesmo status ou patamar que o sua soberania.
Outros quando retribuem a benção não beijam a mão do outro e sim
realizam a famosa “beijo de queixo”, o que em particular acho
ridículo e uma atitude desnecessária.
Numa
colocação “mui particular” ainda não consigo, deixar de beijar
a mão daquele que beija a minha. Muitos de meus mais velhos,
inúmeras vezes me chamaram a atenção do fato de eu beijar a mão
dos meu próprios filhos, mesmo me justificando no fato de estar
pedindo a benção do Òrìṣà de meus ìyáwò. Mas mesmo assim
continuo a trocar de benção até mesmo de um abiã. Não vejo
nenhum mal nisso, pois todos continuam respeitando a minha
Superioridade Sacerdotal.
Mas,
beijar a mão, a palma da mão ou a testa, continua ainda hoje a ser
um gesto de veneração, de respeito e submissão, e ao mesmo tempo,
de certa intimidade e afeto. Devemos lembrar que, os filhos
costumavam beijar a mão aos seus pais, senão habitualmente, pelo
menos, quando se encontravam depois de alguma ausência. Os afilhados
e sobrinhos costumavam cumprimentar os seus padrinhos e tios,
beijando-lhes a mão e pedindo-lhes a bênção.
Um
beijo na mão e um abraço fraterno à todos os meus irmãos e irmãs
da religião.
Baba
Guido Olo Ajaguna.
Eu sou.de acordo o beijo na mão é sinal de respeito e humilde mais não são todos que tem isso já é sinal de arrogância e superioridáde não seria bom exemplo para passar na nossa religião que é tão pura.
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