terça-feira, 4 de agosto de 2015

ṢAGBEJẸ - O Tabuleiro Mitico de Ọbalùàiyé

Antigamente no mês de agosto, esperávamos ansiosamente a visita de Ọbalùàiyé em nosso Terreiro de Candomblé, ou seja, a chegada do agbej. Hoje raramente presenciamos esse rito e costume perdido no tempo. Descrevo um pequeno resumo de uma cerimônia da qual considero extinta ou quase que extinta.

O DIA DO ṢAGBEJ

Cerimônia afro-brasileira, onde as mulheres em um tabuleiro forrado com milho-alho estourados, das quais elas denominam de “flor do velho”, carregam o principal emblema de balùàiyé o aara-w seus colares de conta, terra cota, corais e búzios. Este “tabuleiro” a representação mítica desta divindade, visita sete Terreiros diferentes durante os sete dias que antecedem os Ritos do Olùbàj. Ao chegar a cada Terreiro, este será recebido ritualisticamente onde serão entoadas orações e rezas à balùàiyé e Nàná. Durante este ritual, será depositado aos pés do tabuleiro, senão aos próprios pés de balùàiyé grãos e uma quantia em dinheiro que serão de uso exclusivo nas despesas do Olùbàj. Cada membro do Terreiro receberá uma porção de gbùgbùrù (pipoca) e desta saberá como proceder.

Interessante notar que a palavra agbe – significa pedir esmola e a palavra j – comer; então a palavra agbej poderia perfeitamente ser interpretada como “pedir esmolas para comer”. Obviamente que não podemos levar a palavra “esmola” num sentido pejorativo e sim entender que há uma troca entre o homem e a divindade. Troca esta que ao darmos grãos e dinheiro para comprar “comida” para “O senhor da terra” este nos dá um de seus principais grãos que nutrem o homem – o milho. Os antigos dizem que aqueles que participam do terão vida próspera e nunca há de faltar comida em casa, pelo menos os grãos.
Quando da Cerimônia do Olùbàjé este “tabuleiro” será apresentado no salão, carregado por ya, onde será distribuído uma porção de gbùgbùrù e muitos que recebem o milho, em gratidão acabam por depositar algumas quantias em dinheiro sobre os grãos. Em algumas linhagens o agbej sai antes da “mesa” e em outras depois da “mesa”.

Por favor não confundam o agbej com aquelas pessoas vestidas de baiana que ficam com uma peneira em pleno sol do meio dia, distribuindo milho de pipoca americano e arrecadando dinheiro. Este tipo de procedimento nada tem haver com a nossa ritualística.

Um forte abraço a todos


Baba Guido Olo Ajaguna

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