quinta-feira, 23 de março de 2017

O CANDOMBLÉ e a VISEIRA DE BURRO.


Conhecer o Mundo Religioso do Candomblé entre outras coisas é conhecer seus mitos e ritos. Desde da iniciação ouvimos as histórias contadas por nossos Mais Velhos, que as utilizam para nos explicar o que vemos e não compreendemos. A curiosidade do noviço, faz com que absorve em silêncio quase tudo, e muitas vezes não tendo a chance de perguntar absolutamente nada.

A questão é quando esse sistema de conhecimento baseado em “histórias únicas” prevalece e prossegue durante toda a vida de um religioso. Essas "verdades únicas" podem, num futuro não tão distante, se transformar em fonte de desentendimento, distância, estupidez etc etc etc.

Jumentos religiosos prisioneiros da viseira da burrice, dos estereótipos da versão única de uma história sobre um povo ou indivíduo, tendem agredir com palavras de descaso e chacotas. Sabemos o quanto de dor pode causar o coice de uma pessoa que se satisfaz apenas com o que ouviu falar ou o que disse um certo livro sobre tal assunto.

Ainda que relincho possam machucar, seriam problemas menores se no mundo humano correspondessem apenas a vocalizações desconexas. Mas sabemos que seres humanos são bons em transformar toda e qualquer coisa desconhecida em debates e questionamentos sem fundamentações básicas, além de violência verbal de personagens malditos como aqueles que tenho citado nos "posts de protesto" deste espaço.

Aceitar uma única versão sobre um fato, uma pessoa, um povo, uma história pode ser cômodo, pode ser o que o grupo do qual você pertença espere de ti. Mas se um coice seu doer em alguém, saiba que um dia o de alguém vai doer em você também.

A exemplos de minhas postagens que tem o objetivo de mostrar conceitos equivocados, que de gerações em gerações, entram na cabeça das pessoas como "histórias únicas" e para tirar as pessoas da cegueira e da ignorância”.

Ignorância tem cura. E essa cura passa pela curiosidade, ou menos exigente, pela não aceitação do que se ouviu uma vez ou de uma fonte apenas. Há vários níveis de “histórias únicas” dentro de nossa religião.

Porém, não as obrigo a retirar as Viseiras de Burros e não tenho como impedir que se assustem com tudo o que não esteja no campo de visão abarcado por essa indumentária imposta por alguns religiosos, fazendo de seus pobres seguidores, enxergar apenas seus costumes e tradições e não as que estão ao lado.

Se os jumentos com viseira dificilmente conseguem se livras das mesmas por meios próprios, é claríssimo que com seres humanos a coisa é diferente. De modo que pra evitar essas metáforas de jumentos, que tal deixar a preguiça de lado e no mínimo, conversar com aquele outro amigo religioso e procurar saber um pouco sobre os costumes e tradições, antes de ultra simplificar tudo e meter na gaveta do “Caso Encerrado: eu sei que a vida religiosa é assim e ponto final.”

Baba Guido Olo Ajaguna

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